Trólebus de Santos: 50 anos de muita história e preservação. PARABÉNS !



Hoje o sistema trólebus em Santos completa 50 anos de operação e serviço. Esse dia é muito especial para a história no transporte coletivo em Santos. O trólebus é um ônibus movido à eletricidade. Para entrar em funcionamento necessita de 600 volts de corrente continua e na parte superior tem as alavancas (hastes) nas quais captam a energia elétrica para alimentar o motor do veículo.

Tudo começou em 1955 quando o SMTC (Serviço Municipal de Transporte Coletivo) abriu uma concorrência na qual seriam adquiridos 50 trólebus e 5 subestações retificadoras nas quais fornecem energia para rede aérea de trólebus. Em 6 de junho de 1963 chegaram as cinco primeiras unidades que vieram do Porto de Livorno, na Itália no navio Lloyd Guatemala no armazém 23 no Porto de Santos. Os trólebus eram da marca Fiat Alfa Romeo, tração elétrica (chopper) Marelli de carroceria modelo Pistoiese. Ficaram parados por semanas no pátio da Alfândega devido a problemas no desembaraço aduaneiro.

 

Chegada dos primeiros 5 trólebus no armazém 23 do Porto de Santos descarregados do

navio Lloyd Guatemala pelo guindaste Sansão. Foto: Jornal A Tribuna

 

 

Em 12 de agosto de 1963 às 10:30 em frente ao Centro Português, nas esquinas da Rua Martin Afonso e Amador Bueno aconteceu à solenidade de inauguração da primeira linha de trólebus em Santos. A primeira na qual entrou em operação foi a Linha 5 que partia dessa localidade até a Praça Visconde de Itaboraí, no Macuco. Essa praça fica no cruzamento das Avenidas Afonso Pena e Almirante Cochrane (canal 5).

 

 

Inauguração da primeira linha de trólebus em frente ao Centro Português, em Santos.

Foto: Waldyr Rueda.

 

Há 50 anos foi uma grande novidade e inovação no transporte coletivo de passageiros. O trólebus representava sinônimo de modernidade e tecnologia, como hoje também é assim. Segue a lista das primeiras linhas de trólebus em Santos:
 

 

 

Curiosidades das linhas

 

A Linha 8 teve seu itinerário estendido por três vezes. Em novembro de 1967 foi estendida da Rua Osvaldo Cochrane com a Rua Comendador Alfaia Rodrigues até a Rua Vergueiro Esteidel, no Embaré indo pela Rua Álvaro Alvin e Rua Conselheiro Lafaiete retornando pela Osvaldo Cochrane seguindo para o Centro.

Em 27 de novembro de 1985 foi estendida até a Praça Coração de Maria, na Ponta da Praia seguindo pela Av. Epitácio pessoa e finalmente em agosto de 1987 foi estendida até o Ferry-Boat fazendo ponto final junto com a Linha 4.

As linhas de trólebus que trafegavam pela Epitácio Pessoa (linhas 4, 5 e 8) no sentido bairro-centro passaram a trafegar pela avenida da orla da praia devido a mesma ter se tornado pista de mão única sentido José Menino/ Ponta da Praia. Mas no final dos anos 70 essa avenida chegou a ter contra fluxo (faixa exclusiva para trafegar o trólebus), mas o sistema de contra fluxo foi extinto em agosto de 1987 em decorrência de mudanças no sistema viário de Santos.

Em 1979 as Linhas 40 e 53 foram desativadas devido a mudanças de mão de direção na Avenida Marechal Floriano Peixoto, que deixou de ser mão dupla e 6 anos mais tarde foram reativadas e nessa reativação foi instalada a rede aérea nas Ruas Marechal Deodoro, Euclides da Cunha e um pequeno trecho da Avenida Sen. Pinheiro Machado (canal 1) assim retomando seu itinerário normal.

Nesse mesmo ano várias linhas de trólebus deixaram de trafegar pela Rua João Pessoa sentido cais em virtude na mudança da mão de direção passando do sentido cais para sentido São Paulo e as linhas de trólebus foram remanejadas para Rua Amador Bueno que nesse mesmo ano sofreu mudança na mão de direção.

 

Rua João Pessoa no inicio dos anos 1980. A esquerda um trólebus da recém-criada CSTC

seguindo sentido bairro antes da mudança na mão de direção. Foto: Desconhecida.

    Trólebus Fiat recém-reformado pela EBTU em parceria com a CSTC em 1984 na Rua João

    Pessoa. Foto Marinaldo Junior.

 

 

 

O mesmo aconteceu na Linha 8 que trafegava em mão dupla pela Rua Silva Jardim, no Macuco. Essa linha sentido centro passou a trafegar pela Rua Campos Melo e para o sentido bairro pela Rua Silva Jardim como é até hoje.

Em 30 de abril de 1986 foi inaugurada a Linha 20 de ônibus a diesel na qual seu itinerário era idêntico a atual linha de trólebus, mas a mesma foi eletrificada e passou a operar em trólebus em 26 de janeiro de 1988 em comemoração ao aniversário da cidade.

 

Declínio e renovação

Em 1972 uma unidade de trólebus foi convertida em diesel. Ficou apenas no protótipo. A frota de trólebus em Santos estava começando a se sucatear quando em 15 de outubro de 1976 foi extinto o SMTC e com o decreto municipal nº 4.013 foi criada a CSTC (Companhia Santista de Transporte Coletivo) empresa pública de economia mista.

Doa 50 trólebus restaram 25 unidades e no final de 1979 foi fechado uma parceria entre a CSTC e a EBTU (Empresa Brasileira de Transporte Urbano) criada pelo Ministério dos Transportes para revitalização do sistema trólebus. Em 26 de janeiro de 1980 entrou em operação um novo trólebus hibrido apresentando uma grande novidade na renovação da frota Esse trólebus era um Marcopolo chassi Scania componente eletrônico (chopper) Ansaldo do prefixo 600. Nesse mesmo ano foram submetidos à reforma os 25 trólebus Fiat nos quais apresentavam mau estado de conservação. O primeiro trólebus adquirido nos anos 1960 foi entregue no começo de 1981 reprefixado de 502 para 605.

 

Trólebus 502 antes da reforma pela EBTU. Depois foi reprefixado para 605. Foto Barry

Blunstein

Trólebus 605 já reformado antes era o 502 da foto acima. Foto: Paulo Modé

 

 

Trólebus 600 recém adquirido nos anos 1980 na Ponta da Praia indo para o ponto final.

Foto: Jorge Françozo de Moraes.

 

Em 1983 chegaram mais 6 trólebus novos do chassi Scania carroceria Marcopolo San Remo componente eletrônico (chopper) Santa Matilde dos prefixo 1000 ao 1040.

 

 

Trólebus da série 1000 Marcopolo San Remo, chassi Scania, tração elétrica Santa Matilde.

Foto: Jorge Françozo.

 

No final de 1987 foram adquiridos 6 unidades de trólebus monobloco Mafersa M-210 para atender a Linha 20. Os mesmos encontram-se em operação.

 



    Trólebus Mafersa recém-adquirido em 1987 na Ponta da Praia, Em Santos. Anos mais tarde

    reprefixado para 5307 pela Viação Piracicabana. Foto Jorge Françozo de Moraes

Novo declínio e estabilidade

 

Em 1993 dos 25 trólebus Fiat 12 foram desativados e 4 linhas de trólebus deixaram de existir, assim passando a operar em ônibus a diesel. Três anos depois deixa de ser operada em trólebus a Linha 4 na qual passa ser operada em ônibus a diesel e os 13 restantes trólebus Fiat e os 6 Marcopolo San Remo são desativados restando apenas 7 trólebus.

Em 1998 a Viação Piracicabana arremata as últimas 6 linhas de ônibus e uma delas é a Linha 20. Além da Linha 20 conforme contrato de permissão é obrigada a comprar os 7 trólebus e repor 15 novos trólebus, nos quais esses 15 nunca foram repostos nas ruas de Santos. Em 2003 o trólebus 5301, o antigo 600 da CSTC foi desativado sem nenhuma explicação e nenhum o substituiu somente restaram os 6 trólebus Mafersa atualmente em operação.

 

 

 

Em 2006 o historiador Waldir Rueda protocola com um pedido de tombamento do sistema trólebus na qual esse mesmo é arquivado pelo Condepasa (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico). Mas a Promotoria Pública do Meio Ambiente assegura o sistema trólebus na cidade de Santos.

Em 2009 um incêndio ocorreu em um trólebus recém- reformado na tração eletrônica e logo depois foi consertado e voltou a circular. Dois trólebus foram reformados em seus componentes eletrônicos e os outros 4 aguardam a reforma.

A equipe do Blog fez um passeio de trólebus na semana passada e entrevistou passageiros que utilizam a Linha 20 diariamente. Segundo a estagiária Karina Andrade disse que: “o trólebus não polui e é silencioso”. A professora Daise Fernandes falou em nosso blog que “é pontual em relação aos ônibus a diesel, mantém o horário e reivindica acessibilidade para os cadeirantes. Ainda relatou que os motorista dos ônibus elétricos são educados”. O motorista do trólebus Dalvin Correa trabalha há 6 anos na empresa operadora do trólebus e disse que ”a natureza agradece na qual é um veículo que não emite poluentes nocivos a saúde humana”

O Blog Conscientização parabeniza os 50 anos de trólebus em operação e serviço em Santos e vida longa a esses veículos que fazem parte da identidade cultural em Santos.

 

 

Trólebus Mafersa repaginado com cartões postais dos pontos turísticos de Santos.

De outro ângulo trólebus do prefixo 5305.