quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Trólebus de Santos

A história do sistema de trólebus em Santos começou em 1955 quando o SMTC (Serviço Municipal de Transportes Coletivos) interessou em inovar com um novo sistema de transporte coletivo através da abertura de concorrência pública para a aquisição de 50 unidades de trólebus e importadas da Itália e mais 5 estações retificadoras, através de financiamento. Em 6 de junho de 1963 chegam as primeiras 5 unidades dos trólebus da marca Fiat Alfa - Romeo Marelli Pistoiese no navio Lloyd Guatemala, vindo da cidade de Livorno, na Itália.


Trólebus sendo descarregado pelo guindaste Sansão do navio Lloyd
Guatemala no armazém 15 do Porto de Santos. Foto: Novo Milênio.

Em 12 de agosto de 1963 entra em operação a primeira linha operada no sistema de trólebus: a linha 5 Praça Visconde de Itaboraí/ Rua Martin Afonso, em frente ao Centro Português.

Inauguração da Linha 5 em frente ao Centro Português.
Foto: Waldir Rueda.



Veja a ordem cronologia resumida da inauguração das linhas de trólebus:



  •          No dia 3 de agosto de 1964 entra em operação a 2ª linha de trólebus: a linha 53 que ligava o Orquidário Municipal a Rua Martin Afonso, também situada ao Centro Português. Essa linha ficou popularmente conhecida como “trólebus do Orquidário”;

  • Em 5 de março de 1965 foi inaugurada a linha 54 que fazia o trajeto para a Ponta da Praia (via canal 3) sendo que seu ponto inicial era junto com as linhas 5 e 53. A intenção da mesma era fazer o trajeto pela Avenida Conselheiro Nébias no que ocorreram três anos mais tarde, em 1967, mas remunerada para linha “4”;

  • Em 21 de outubro de 1966 com supressão das linhas 5, 8, 15 e 25 de bondes foi criada a Linha 8 mais conhecida como “trólebus do Macuco”. Essa linha foi estendida por três vezes até chegar ao Ferry-Boat em agosto de 1987;

  • Em 26 de janeiro de 1967 foi inaugurada a linha 45 que partia do Centro até a Praça Visconde de Itaboraí, no canal 5, via Conselheiro Nébias/ Afonso Pena;

  • Em 11 de abril de 1967 foi inaugurada a primeira linha tronco da Avenida Conselheiro Nébias, a linha 44 com o seu ponto inicial na Praça Mauá para o Boqueirão;

  • Em 13 de abril de 1967 finalmente foi inaugurada a linha 4 que liga a Praça Mauá ao Ferry-Boat e nesse mesmo dia foi extinta a linha 54;

  • Em 6 de outubro de 1967 entra em operação a linha 40 que inicialmente seu trajeto era até a Praça da Independência, no Gonzaga que depois foi ampliada até o Orquidário. Todas as linhas de trólebus passaram a fazer o ponto inicial na Praça Mauá.


Anos depois por volta de 1968 houve a tentativa de expandir as linhas de trólebus na Zona Noroeste de Santos. A rede aérea foi instalada, mas nunca foi usada, nem se quer para testes. Depois nos anos 80 houve essa mesma possibilidade, mas não foi adiante. Em 1972, um trólebus foi convertido a diesel baseado na experiência com o mesmo tipo de veiculo no Rio de Janeiro. Naquela cidade toda frota foi convertida. Em Santos ficou somente no protótipo e em uso comercial.



Trólebus convertido a diesel do prefixo 542 com a pintura da recém-
criada CSTC. Foto: Paulo Modé.

Muitos trólebus na década de 70 não estavam recebendo a manutenção suficiente devida porque as peças eram importadas e caras e por isso algumas cidades extinguiram o seu sistema.


Trólebus em mau estado de conservação com desgaste na pintura,
em 1975. Foto: Allen Morrison.

Outra imagem agora com a 2ª pintura do SMTC, também em 1975.
Foto Allen Morrison.

No final dos anos 70, dos 50 trólebus adquiridos restaram 25 e essa mesma quantidade foi reformada com verbas da Empresa Brasileira de Transportes Urbanos - EBTU através de financiamento com Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, em parceria com a Companhia Santista de Transportes Coletivos - CSTC empresa pública de economia mista da Prefeitura Municipal de Santos que foi criada pelo decreto municipal Lei nº 4013 de 15 de outubro de 1976.


Trólebus da CSTC com a 1ª pintura antes da parceria com a EBTU.
Foto Allen Morrison.

Trólebus recém-reformado com verbas da EBTU em 1982.
Foto: Jorge Françozo
 

Por volta de 1979 foram desativadas as linhas 40 e 53 devido às mesmas trafegarem pela contramão da Av. Marechal Floriano Peixoto, no Gonzaga. As mesmas foram reativadas em 1985, mas teve que ser implantada uma nova rede aérea na Rua Euclides da Cunha para evitar a contramão. Nesse mesmo período foi reativada a Linha 44 tronco da Av. Conselheiro Nébias.
Em 1983 foram adquiridas 7 unidades de trólebus de fabricação nacional.




Trólebus Marcopolo San Remo chassi Scania. Foto: Jorge Françozo.



Em agosto de 1987 houve mudanças no sistema viário de Santos como a unificação da mão de direção da Av. Epitácio Pessoa eliminando o contra-fluxo de trólebus passando as linhas para a avenida da orla da praia.
A linha 8 antes disso teve seu trajeto estendido 3 vezes. Inicialmente fazia o ponto final na Rua Comendador Alfaia Rodrigues, antes de chegar a Avenida Pedro Lessa. Depois de 1967 até 27 de novembro de 1985 foi estendido até a Rua Conselheiro Lafaiete, no Embaré. Depois foi para a Praça Coração de Maria, na Ponta da Praia e finalmente em 1987 até o Ferry-Boat atualmente.
No mesmo ano foram adquiridas 6 unidades que entraram em operação em 26 de janeiro de 1988 com a inauguração da linha 20 que liga a Praça Mauá a Praça da Independência, no Gonzaga. Antes essa linha era operada com ônibus a diesel e foi inaugurada em 30 de abril de 1986.
As ruas Silva Jardim e Campos Melo tiveram as suas mãos de direção alterada assim sendo obrigada a instalar a rede aérea na Rua Campos Melo para que a Linha 8 alcançasse o Centro de Santos. Também tiveram suas mãos de direção invertidas as Ruas João Pessoa e Amador Bueno assim sendo obrigada a instalar a rede aérea para os trólebus seguirem para os bairros.
A Rua General Câmara teve que ser instalada a rede aérea para o trólebus deixar de seguir pela Rua Bittencourt assim evitando a contramão da Av. Senador Feijó e a Av. São Francisco na qual teve sua mão de direção alterada. As linhas 5 e 53 deixam de seguir para os bairros pela Rua da Constituição que passou a ser mão única e passam a ir pelas Av. Senador Feijó e Av. Washington Luis, mas na volta ao Centro seguem pela Av. Washington Luis e Rua Braz Cubas.



Trólebus Mafersa adquirido no final de 1987 destinado a fazer a
Linha 20 inaugurada em 26 de janeiro de 1988 em comemoração
ao aniversário de Santos. Foto: Trólebus Brasileiros.


Nos anos 90 houve uma redução drástica no sistema com a desativação de mais de 12 unidades de trólebus, ocorrida em meados de 1993 com a desativação das linhas 5, 8, 40 e 53 atualmente as mesmas operadas em ônibus a diesel. O restante ocorreu em 1996 com a desativação da linha 4 atualmente operada em ônibus a diesel e a retirada de circulação dos 13 trólebus Fiat Alfa Romeo Marelli Pistoiese e mais 7 ônibus adquiridos em 1983. Só existem atualmente 6 unidades no sistema de Santos.



Trólebus Mafersa em atividade na Praça Mauá firme e forte e bem
preservado.

Hoje tramita no Ministério Público o pedido de tombamento do sistema de trólebus porque esse sistema tem uma importância não só ecológica como histórica e cultural na cidade de Santos.
O pedido de tombamento ganhou força em outubro de 2009 após o incêndio que ocorreu em um trólebus na Avenida Ana Costa que tinha sido reformado recentemente e teve sua tração eletrônica trocado por uma tração moderma que é  IGBT, mas o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa) e ao Ministério Público arquivaram os requerimento, conforme reportagem do Jornal A Tribuna. Depois do ocorrio a Promotoria de Justiça do Meio Ambiente pediu o desarquivamento do processo e instaurou um inquério civil sobre a possibilidade do tombamento do "complexo trólebus."


Incêndio do trólebus de prefixo 5306 na
Avenida Ana Costa. Foto: A Tribuna

Devido às condições climáticas causadas pelo aquecimento global, o trólebus representa uma alternativa ecológica para a salvação de nosso planeta e a sua vantagem é não emitir nenhuma partícula de substância nociva e é um veiculo limpo e inovador.



Exclusivo


Durante a comemoração do 10º aniversário do Bonde Turístico de Santos em conversa exclusiva com o Prefeito João Paulo Tavares Papa sobre a reforma do Trólebus Fiat declarou que será reformado e quando questionado sobre a possibilidade da Prefeitura fazer parceria com a Fiat para facilitar em seu restauro a resposta foi positiva. Agora é só aguardar.
Mais detalhes sobre a história do sistema trólebus de Santos podem conferir também nos sites Trólebus de Santos e Novo Milênio.





 

2 comentários:

  1. Sobre as mãos de direçaõ da Amador Bueno , eu lembro da época que a rua tinha sentido porto - pça. dos Andradas. A João Pessoa tinha mão dupla ou era sentido porto ?!

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  2. Willian, a Rua João Pessoa era de mão dupla até o inicio dos anos 70. Quando houve o seu alargamento a Rua João Pessoa teve a sua mão de direção para o sentido Praça dos Andradas/Cais. Em agosto de 1987 foi invertida para Cais/ Praça dos Andradas, assim ocasionando a instalação da rede aérea de trólebus para a Rua Amador Bueno que teve também a sua mão de direção alterada.

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