segunda-feira, 9 de abril de 2012

Transporte ferroviário no Brasil: histórias e lendas

O transporte ferroviário no Brasil tem muitas histórias para contar sejam boas ou ruins. Tudo começou no século XIX quando Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá trouxe as primeiras ferrovias para o Brasil quando o café que era o carro chefe da economia no Brasil colonial. Antes o café era transportado em burros do planalto para seguir ao litoral de São Paulo até alcançar os trapiches localizados em Santos, no litoral paulista. Com o transporte do café nos burros tinham várias ocorrências no tombamento da carga na descida da serra do mar assim em alguns casos perdendo a produção.
O primeiro trecho de ferrovia tinham apenas 14 km de extensão, mas logo em seguida foram ampliados. O Brasil até meados da década de 60 chegou a atingir mais de 38.000 km de extensão de malha ferroviária, hoje somente contamos com aproximadamente 28.000 km o equivalente a malha ferroviária do Japão.
A ferrovia brasileira foi perdendo espaço nos anos 50 para a indústria automobilística de deixou de colocar o Brasil nos trilhos para colocar sobre rodas no asfalto, mas na atual realidade o trânsito nas grandes cidades brasileiras estão totalmente saturados, são 3 automóveis para cada habitante.
Existem projetos para melhorias dos atuais trechos ferroviários em atividades, tanto no transporte de cargas quanto ao de passageiros, mas esse projetos sempre andam em passos de lentidão causados pela burocracia e falta de incentivo por parte das nossas autoridades.
No último Globo Repórter exibido pela Rede Globo na última sexta-feira (6/4/2012) retratou a importância da malha ferroviária em nosso país, contando sobre o grande empresário fundador desse modal Barão de Mauá, a arquitetura do prédio da Estação da Luz, ex-funcionários que fizeram parte da ferrovia em seu auge e até a estrada de ferro Madeira-Mamoré na Amazônia que hoje está abandonada.
Nessa postagem do Blog vamos falar sobre a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré na região da floresta amazônica. A estrada foi inaugurada em 1912 no estado de Rondônia. O produto principal daquela região era a borracha que na inauguração desse modal entrou em decadência. Com a construção dessa estrada custaram muitas vidas: 6 mil mortos e um gasto equivalente a R$ 2,5 bilhões em valores atualizados. Investimento que hoje é corroído pela ferrugem. No cemitério das máquinas estão as poderosas locomotivas tragadas pela mata. Aprisionadas para sempre na floresta que um dia ousaram atravessar. O motivo de tantas perdas de vida foi causado pela malária que levaram muitos operários imigrantes europeus a morte. Essa ferrovia ficou conhecida como a “ferrovia do diabo”.


Mapa da Estrada de Ferro Madeira Mamoré de 1912. Foto: Fernando
Rebouças.

Em um período marcado por guerras e a necessidade de novos caminhos para escoar a borracha que vinha da vizinha Bolívia. A ligação com o Brasil pelos rios Madeira e Mamoré era uma travessia perigosa.
 Vencer os obstáculos naturais para atravessar a Floresta Amazônica com 360 quilômetros de trilhos foi um desafio maior do que as empreiteiras inglesas e americanas imaginavam.
 Durante 40 anos, foram três tentativas. Embarcações inteiras com material de trabalho foram tragadas pela fúria das correntezas, o terreno hostil empurrou locomotivas para o abismo.

Antiga locomotiva Maria-Fumaça que serviu a antiga Estrada de Ferro
Madeira-Mamoré. Foto: Fernado Rebouças.


A ferrovia funcionou até 1972 já deficitárias nos aspectos comerciais conforme relato anterior, mas o apito da locomotiva Maria Fumaça continua apitando de maneira imaginária da população local. Sua desativação foi dolorosa para as pessoas daquela região que conviveram com ela. O apito da locomotiva ecoa, mas não se sabe de onde vem e para onde vai, é como se fosse o trem fantasma.

Um comentário:

  1. Não entendi... apita de maneira imáginaria ou apita mesmo??? tem confirmação de algum reporter se esse apito acontece mesmo?????

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