Hoje o Conscientização vai divulgar propostas
dos candidatos a prefeito de Santos sobre o setor de transporte. Essa pesquisa
foi feita em matéria divulgada no Portal A Tribuna de 11 de agosto de 2012.
Confiram suas propostas:
Como melhorar o
trânsito em Santos?
Não dá para falar só
dos ônibus. Embora eu precise dizer que nossa frota é uma das mais novas do
País, com 1 ano e meio de uso, e ela está praticamente toda adaptada para os
deficientes.
E o VLT?
A chegada dele fará
com que a gente tenha um reestudo do sistema de transporte coletivo, que passa
pela revisão de linhas dos ônibus, implantação de cartão magnético que permita
a integração entre linhas e de ônibus com VLT sem pagar outra passagem. Vou
trabalhar para que tenhamos um reforço do atendimento de ônibus em determinados
horários e locais, como saídas de escolas e fim de jornadas no Porto de Santos.
No Centro, temos que criar rotas exclusivas para pedestres.
Como resolver o
trânsito?
Nossa área insular tem
30 km². E, aqui, estão emplacados 280 mil veículos. Só tem um caminho para
resolver. Retirar os veículos das ruas. E só se faz isso com um transporte
coletivo de qualidade. O que temos hoje não faz ninguém deixar o carro em casa.
Como mudar isso?
O VLT trará qualidade
ao transporte público, com hora marcada para o embarque, ar-condicionado e um
novo conceito. Além disso, a sinalização semafórica será toda trocada no trecho
do VLT com os semáforos inteligentes. Precisamos desobstruir as principais vias
de Santos e aumentar o espaço para os veículos trafegarem.
De que forma?
Em alguns locais não
poderemos permitir mais estacionamento de veículos. Vamos defender a construção
de garagens subterrâneas em Santos. Se os grandes prédios fazem isso, por que não
podemos aproveitar essa técnica? Grandes capitais fazem isso. São Paulo, por
exemplo, adota esse expediente.
Essas garagens teriam
dinheiro público?
Não teria um centavo
de dinheiro público. Nosso objetivo é firmar as Parcerias Público-Privadas
(PPPs) e garantir estacionamento nas vias.
Algum local definido?
Onde há demanda. Nas
vias arteriais e no Centro.
Você criticou os
ônibus. O que mudará?
Teremos fiscalização
rigorosa. Com o VLT, devem ser retirados 100 ônibus de circulação, mas é
preciso melhorar a qualidade. Incentivaremos o uso dos cartões por parte do
usuário e fiscalizaremos. A população reclama do tempo de espera no ponto.
Como melhorar o
transporte em Santos?
A falência da
mobilidade urbana está diretamente ligada à falência da política pública. É
preciso colocar a demanda perto da casa da pessoa. Também podemos aproveitar
nossos rios. O que impede o pessoal da Zona Noroeste sair de casa e chegar ao
Centro via modal aquaviário? Nada.
E os ônibus?
Nós não temos um
bilhete único até hoje. A maior novidade no setor é o que fiz há 20 anos: a
integração de linhas no Terminal Rodoviário do Valongo, onde o passageiro desce
e pega outro ônibus sem pagar. A gente precisa de um bilhete único.
Pensa em reduzir os
preços?
Reduzir eu não sei,
mas adequá-lo à nossa realidade, com certeza.
Algo para ser
modificado nas ciclovias?
Não podemos ter
pistas como a da Avenida Ana Costa, que não tem ligação. É preciso ter lógica.
Tem um projeto no Rio de Janeiro que me agrada bastante. Você confere em um
aplicativo de celular quantas bicicletas estão disponíveis em um bicicletário
público, reserva uma e a retira. De graça. Quero fazer isso em Santos.
E os túneis?
Penso que a ligação
entre Santos e Guarujá precisa ter caminhão de carga circulando nela. Não pode
deixar somente para veículos leves. Isso influencia no porto, na Rodovia dos
Imigrantes, em tudo.
Outros candidatos
estão falando bastante no túnel entre Zona Leste e Zona Noroeste. Você apoia
isso?
Estou convencida da
necessidade dele. Hoje, não tem saída. Está tudo preso em um pedaço da Ilha de
São Vicente. Senão, de nada adianta ter um apartamento caríssimo se você nem
consegue sair de casa por conta do trânsito.
Como desengarrafar
Santos?
Você nunca vai
convencer um santista de que ele não deve comprar um carro. Mas podemos
melhorar a estrutura de avenidas e ruas, além de mudar o sistema semafórico.
Quero fazer isso na cidade inteira, informatizar o sistema e, assim, melhorar o
fluxo de veículos.
Rodízio de carros é
cogitado?
Eu acho que, antes do
rodízio, nós precisamos testar outras modalidades. Podemos colocar ônibus
menores nas ruas e ampliar os seletivos, atingindo o público que tem carro.
Antes de rodízio, quero ver os semáforos inteligentes funcionando.
Você defende o túnel?
Sim. Se sentarmos com
São Vicente e elaborarmos um projeto conjunto que ligue a Avenida Penedo e a
Zona Noroeste de Santos com a Zona Leste, dá para fazer. Os congestionamentos
são uma constante por aqui. Por isso, precisamos buscar recursos do Estado e da
União. Com R$ 150 milhões dá para fazer.
Com tornar Santos uma
cidade menos congestionada?
Você tem de ter hoje
um sistema integrado troncal com linhas alimentadoras. Hoje, na praia de
Santos, temos mais de 25 linhas sobrepostas. Se você está na R. Alexandre
Martins, esquina com a praia, e quer ir para o Canal 2, fica parado até seu
ônibus aparecer. Com uma canetada e uma boa conversa com a empresa
concessionária, mudaremos o conceito.
O que mudaria?
Você pega um ônibus
até o Canal 2, desce lá e pega outro para seguir seu destino.
Isso resolve?
O
grande desafio não é o serviço em si, mas sim convencer o santista a deixar o
carro em casa.
E as bicicletas?
É uma vergonha que os
estacionamentos de Santos não recebam bicicletas.
Daria para obrigá-los
a isso?
Já chamamos os donos
para conversas com o prefeito e eles não foram. O jeito é obrigá-los a isso e
reconhecer a bicicleta como modal, não uma simples alternativa.
Você chegou a falar
em rodízio de carros no passado. Defende isso ainda?
Quando eu falei isso,
em 2007, era para provocar a sociedade. Aí, criaram os corredores de ônibus nas
principais avenidas. Importante, mas não são suficiente para resolver
problemas. O rodízio é necessário quando temos o caos de verdade, como em São
Paulo. Precisamos apostar primeiro no transporte coletivo. O sistema de linhas
circulares tem que acabar em janeiro de 2013, ele imita as linhas dos bondes.
O que pode ser
melhorado na mobilidade urbana?
Os ônibus hoje são
uma carroça e os trajetos, bem, eu posso chamá-los de desumanos. A pessoa que
sai do Morro do Marapé e quer trabalhar no José Menino ou fica passeando ou
desce na Rua Carlos Gomes para ir a pé até a praia.
Por que não colocamos
um bilhete que vale por 1h? Por que os ônibus de Santos não têm ar-condicionado?
Dá para fazer isso?
Claro. Não é
demagogia. Andar nesse ônibus em verão é como sentar em uma chapa quente. E,
quando lota, vira um alto-forno. O transporte urbano precisa de uma
reengenharia. É colocar bicicletas no Centro para a pessoa se locomover e sem
cobrar nada por isso.
Aposta no VLT como
uma solução?
Ele integrará a
Baixada Santista. Ampliará o mercado consumidor. Tem tanta importância quanto a
ideia que dei e se apropriaram dela, que é a expansão do porto para outras
cidades, o uso de nossas águas.
Como acabar com os
engarrafamentos nos horários de pico?
Com inteligência.
Hoje, a gente tem a centralização do setor que emprega. O transporte não é
integrado. O que nos falta é uma mentalidade de querer ser melhor.
O que dá para mudar
em relação aos ônibus?
Eu farei uma
auditoria nas planilhas enviadas pela Piracicabana. O que justifica termos uma
das tarifas mais caras do País, sendo que somos de um tamanho pequenininho. Por
que pagamos R$ 2,90 se São Paulo, que é muito maior, cobra R$ 3,00? A passagem
é mais cara em Santos do que em capitais. Vejo como alternativa o uso do
transporte aquaviário, por meio dos rios.
Como tirar os carros
das ruas ou fazê-los conviver em harmonia, sem engarrafamentos?
Só melhorando o
transporte coletivo poderemos mudar a situação atual. Tem que ser de qualidade,
barato e com ônibus suficientes para a pessoa deixar o carro parado em casa e
não ficar parado 1 hora no ponto de ônibus.
Como tornar os
deslocamentos por Santos mais agradáveis?
É um tema muito
fácil. Sou funcionário da Secretaria da Fazenda de São Paulo há 27 anos. Hoje,
deixo meu carro na garagem e pego quatro ônibus por dia, pois almoço em casa.
Eu vou, volto, vou e volto. Sei que nosso ônibus não é 100% limpo. No governo
do PSL, vai voltar a função de cobrador no ônibus.
Dá para fazer isso?
Sim. Vamos mexer
nisso pois a saída deste profissional causou um problema de mobilidade urbana.
O motorista dirige contando dinheiro, quando não se forma uma fila enorme nos
pontos de ônibus. Quantos motoristas não estão afastados por conta de licença
médica? É estressante. Vamos mexer nisso.
E a passagem?
Pagamos R$ 2,90 para
tudo isso de errado acontecer. Precisamos rediscutir a planilha de custos com a
empresa concessionária. É necessário ter um transporte que integre a região.
Como você vê o
trânsito de Santos hoje?
Santos é uma cidade
que não tem tido crescimento nos últimos anos na quantidade de habitantes.
Mesmo assim, o trânsito vem ficando complicado. Agora, pegue as projeções e repare
no que pode acontecer. Dizem que o número de habitantes pode dobrar nos
próximos anos. Imagina se isso ocorrer!
Pelo que você diz, a
situação é tensa. Como mudar o cenário?
A solução é
transporte de massa. Vamos bater no interesse da Viação Piracicabana, que
comanda o transporte público de Santos. R$ 2,90 como preço de passagem é algo
caríssimo. O ideal é cobrar pelo trajeto que você anda. Defendo até a tarifa
social. O ideal seria o transporte gratuito. Devemos voltar a falar na
metropolização de nossas atividades e projetos. O desenvolvimento de hoje, na
verdade, é uma grande armadilha.
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